Pulmão Esquerdo 38
Ela deixou um vestido de renda secando
e saiu pra morrer um pouquinho.
Ela deixou o marido esperando
e saiu pra morrer um pouquinho.
Um trago
no lugar errado,
hora errada,
pessoas erradas.
Um tiro,
trinta e oito,
pulmão esquerdo.
Tinha efizema,
não deu.
Enquanto seus últimos olhos
fundiam rostos e máquinas de bingo,
ela choramingou pra ferida:
"Não é justo, não é justo,
eu sai pra morrer só um pouquinho."
e saiu pra morrer um pouquinho.
Ela deixou o marido esperando
e saiu pra morrer um pouquinho.
Um trago
no lugar errado,
hora errada,
pessoas erradas.
Um tiro,
trinta e oito,
pulmão esquerdo.
Tinha efizema,
não deu.
Enquanto seus últimos olhos
fundiam rostos e máquinas de bingo,
ela choramingou pra ferida:
"Não é justo, não é justo,
eu sai pra morrer só um pouquinho."
5 Comments:
Trata-se obviamente de um caso clínico. Todo esse texto procura falsificar a realidade dos fatos. O imaginário às vezes trai: a poetisa precisa forjar subterfúgios para evitar fatos como a rotina e a morte.
descordo completamente com esse comentário acima, será que lemos a mesma coisa???? subterfuúgios??? isso é um "relato" de um fumante carioca oras...
Eu sou a imperatriz dos subterfúgios. Deixo os fatos para os jornais.
J.
cara, julgar é uma grande babaquice, essa crítica não foi construtiva, foi só pomposa! babaquice... e viva o esquecimento!
o clima foi muito bem bolado, e cacete, "sái pra morrer só um pouquinho"! muito bem sacado! então, vamos todos morrer só um pouquinho hoje a noite?
gostei mto do poema...
gosto de morrer um tiquinho de cada vez tbm...
e gosto quando se conversa com as própias feridas...
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