2.11.06

Pulmão Esquerdo 38

Ela deixou um vestido de renda secando
e saiu pra morrer um pouquinho.
Ela deixou o marido esperando
e saiu pra morrer um pouquinho.

Um trago
no lugar errado,
hora errada,
pessoas erradas.

Um tiro,
trinta e oito,
pulmão esquerdo.
Tinha efizema,
não deu.

Enquanto seus últimos olhos
fundiam rostos e máquinas de bingo,
ela choramingou pra ferida:
"Não é justo, não é justo,
eu sai pra morrer só um pouquinho."

5 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Trata-se obviamente de um caso clínico. Todo esse texto procura falsificar a realidade dos fatos. O imaginário às vezes trai: a poetisa precisa forjar subterfúgios para evitar fatos como a rotina e a morte.

13:09  
Blogger Tom Louet said...

descordo completamente com esse comentário acima, será que lemos a mesma coisa???? subterfuúgios??? isso é um "relato" de um fumante carioca oras...

13:53  
Blogger Julia D said...

Eu sou a imperatriz dos subterfúgios. Deixo os fatos para os jornais.

J.

14:46  
Anonymous Anônimo said...

cara, julgar é uma grande babaquice, essa crítica não foi construtiva, foi só pomposa! babaquice... e viva o esquecimento!
o clima foi muito bem bolado, e cacete, "sái pra morrer só um pouquinho"! muito bem sacado! então, vamos todos morrer só um pouquinho hoje a noite?

19:01  
Blogger Unknown said...

gostei mto do poema...
gosto de morrer um tiquinho de cada vez tbm...
e gosto quando se conversa com as própias feridas...

21:19  

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