4.2.07

janela aberta

sem saber se encorpo ou se afogo
as idéias que tenho tido
enquanto o céu não dá um pio
e o sol nos doura em alto-fogo

há um diálogo na cortina

a luz pergunta à sombra inquieta
das aflições da alma e algo sobre
como guiar as asas nas curvas
das relações regulativas

mas tudo que a sombra responde
é o próprio ponto de vista
onde a eternidade é encontrada
sem pressa, em contínuas horas rasas

eu podia ter fingido que não vi
mas era preciso dar fim
à vertigem relativista

o que não importa mais
é se estou aqui ou ali
somente estou.

e tampouco importará o acúmulo
de erros, ainda que reconhecidos
se toda temporalidade não se sobrepõe

são usados os mesmos critérios
os acho tão esquisitos, tantos
argumentos insossos que resultam
na insônia sem estradas em que vivo

então me conscientizo
um louco que finjo aos outros
uma imposta normalidade
irresponsável irrevelia

falar mal dos loucos
é esquecer que é o
dinheiro que legítima

tangenciando a loucura
ao ignorar indiossincrasias
ou questionando a validade dos
inexplicáveis atos na rotina

perambulando
nos meus ouvidos
o bom senso é bom
mas me dá uma agonia
sem loucura fico oco
caio logo em hipocrisia

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