6.11.06

o sol levanta-se sobre os morros, irradiando calor
pelos vales, que agora só tem poucos verdes.
pequenos pássaros , refugiados,
cantam e fazem amor
sobre meu ar condicionado
o prédio antigo, apesar de recente reforma,
tem seus traços de preguiça.
o meu andar é alto, mas não muito.
atráves das nuvens já saiem raios de bom dia.
entro no banheiro e inicia a rotina.
que já faço de olhos fechados, depois da barba é claro.
ah que beleza, chuveiro de praia, largo e consistente.
mas não dá pra ser perfeito né, nem um pouquinho só.
enquanto a temperatura da àgua se altera de forma brusca
eu, curioso, giro as torneiras freneticamente
em busca do equilibrio.
o telefone toca, bem ali, em cima da pia
eu na ponta dos pés, tento um ângulo para ver melhor
(nem fudendo que vo atender qualquer um)
mas a água esquenta subitamente em minhas costas.
maldito chuveiro temperamental
e meu suvaco ainda cheio de sabonete
enquanto luto com os dedos ainda molhados
nas pequenas teclas do telefone
barulhos e estalos do chão ao teto.
bem atrás do aquecedor, em meio a uma
neblina misturada de vapor e incenso
vejo nitidamente finos traços verticais
vermelhos subindo a parede.
só deu tempo pra pensar em quanto era frágil
meu corpo nu, dentro de uma caixa de vidro.
ao fim deste pensamento as
torneiras se fecharam, todos meus sentidos estalaram.
eu era medo e adrenalina.
brilho vermelho se expande
enquanto tudo escurece
os olhos abrem
e depois fecham
invade-me a noite depressa
tenho medo das coisas do dia

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