21.12.06

Os Férmions

um dia eu aprimoro esse texto. eu eliminei alguns parágrafos sobre os bósons e sobre a antimatéria, que também tão elencados no modelo padrão do Gell-mann, modelo que tenta sistematizar os constituintes primordiais da matéria e da energia; achei que tavam muito xinfrim. bom, primeiro eu tenho que conhecer melhor a física quântica...

Sempre me irritou profundamente aquela arrogância deles! Diziam sem a menor cerimônia: É, como você sabe, nós somos as partículas que constituem toda a matéria. Ah, isso me enervava tremendamente! Ainda mais quando sua petulância permitia que acrescentassem: Você não sabe o trabalho que isso dá. Essa famíla dos Férmions era um gente desagradável. Eu era acometido por uma vontade jacobina, uma vontade enorme de metê-los na guilhotina a cada vez que ouvia esse discurso. Eles representavam pra mim aquela nobreza asquerosa que se faz de desentandida. E o pior, pretendiam enganar os outros! Falavam dos privilégios como se fossem um fardo. Com isso eu não podia! Sínicos!

Tive contato com duas ramificações dessa família. Na época eu era vizinho dos Férmions Léptons, e os Férmions Quarks todo fim-de-semana almoçavam na casa deles.
O Léptons ainda tinham algo de agradável. Por não ter tamanho mensurável, por não sofrerem a influência da força gravitacional, pelo menos tinham maior autonomia, me pareciam mais livres. Os Léptons viajavam por conta própria. Claro que só faziam isso por que eram uns privilegiados, mas não me cabe desmerecer essa vontade de conhecer o universo, por que se pudesse eu também viajaria como eles. O Elétron tinha uma carga negativa que me afligia. Também não fazia jus aquele espírito que me encantava na família, porque passava grande parte do tempo girando em torno de um núcleo. O Neutrino sim era uma graça, praticamente não tinha massa, era um tipo bem tranquilo, um pouco alienado também, mas o certo é que ele não tava muito aí pra essa coisa de interagir com a matéria, ficava quase sempre na dele, viajando pelo universo sem colidir com nada. Havia também um outro que não cheguei a conhecer muito bem, o Múon.

Quanto aos Férmions Quarks, esses eu realmente detestava. Sabe aquele tipo totalmente provinciano? Pois eram assim, não lidavam muito bem com a solidão, com o desconhecido, ficavam o tempo todo aprisionados no núcleo. Tinham aquela pompa de de serem também dessa família de partículas que constituem toda a matéria, mas eram fracos de espírito. Gozavam do nome sem a menor preocupação em merecer o título. Uma coisa que eu achava terrível neles era a coisa de todos terem nomes composto: Quark Up, um rapazinho fútil e serelepe; o Quark Down, pseudo-existencialista e profundamente depressivo; Quark Charm, um narcisista irritante; Quark Strange, esse o mais interessante, porque ao menos tinha vontade de causar um questionamento; Quark Top, muito próximo do Quark Charm, um arrogante terrível; Quark Bottom, que eu não conheci muito bem. Reparem que usavam o sobrenome também como nome, numa redundância totalmente descabida. Se apresentavam invariavelmete ostentando o nome completo. Era ridículo: Olá, sou Quark Sei Lá das Quantas Férmions Quark. Faziam sempre questão de lembrar que constituiam o núcleo celular - não sei pra que, porque eram um broncos.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Hahahaha, cara, muito maneiro! Cê devia me emprestar esse livro depois. Fazia tempo que não escutava uns nomes desses, desde de as conversas extra-aulas com Zé Claúdio(Prof.fis.)... Muito legal e bem bolado, me lembrou o texto em que em comparava as pessoa na Nossa Senhora de Copacabana aos instrumentos de orquestra. Rsrs, muito bem escrito também, te vi falando isso cara. E aí Fernando, que cê achou do texto que eu fiz? Fora a questão técnica, depois me diz aí. Conversemos acho que volto ao Rio amanhã, ou sábado. Beijo.

00:16  

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