Contraste, Brilho e Nitidez
"What i like and what i need are two different things"
Adoramos quando um amigo ou parente,
nos consegue aquela providencial vaga
em uma empresa, mas quando algo
do tipo ocorre na política é incompreensível.
Adoramos desculpas para faltar ao trabalho,
greves e feriados emendados,
porém quando é para nós o serviço
a ser prestado é inadmissível o adiamento.
Achamos ótimo quando o policial é compreensivo,
ou ate mesmo corruptível, frente aos nossos irrisórios
delitos cotidianos, mas quando o mesmo
recebe propina de traficantes é obsceno.
Adoramos e aplaudimos a caça aos bandidos, tratados com a
maior violência possível, como no episódio do ônibus 174,
mas quando as vítimas são civis, é injustificável.
Admiramos a beleza, a criatividade e pureza das
crianças mas quando são subnutridas, ignorantes,
desesperadas e armadas, todos detestam saber o porque.
Adoramos pensar que o legal é ter coragem, sacrificar-se
pelo justo, mas somente quando isso não inclui riscos
aparentes à nossa magnífica e sagrada individualidade.
Adoramos reconhecer nossa boçalidade e tendência
ao rídiculo interpretadas em palco,
mas fora do teatro, ego algum permite admitir.
Adoramos saber fofocas dos outros
mas quando é a nossa vida na roda, é condenável.
Adoramos quando temos o privilégio de passar por filas,
mas quando somos os que ficam para trás, é inexplicável.
Adoramos dizer que a culpa é "deles",
mas detestamos saber que é "nossa" responsabilidade.
Adoramos a idéia do faça o que eu digo e não o que faço
mas quando é o outro exercendo esse ponto
de vista ambíguo torna-se logo detestável.
Adoramos a idéia de progresso constante em nome do conforto,
mesmo que os meios justifiquem o ("nosso") fim.
O homem adora ver belas mulheres, em minúsculos trajes,
mas quando é a própria filha, inaceitável!
(talvez quando aceite, é que se torne civilizado)
Adoramos fazer um fézinha, rezar, apelar, suplicar à Deus
mas na teoria: "graças a deus, sou ateu".
Adoramos o céu azul, o sol forte, o trânsito livre,
mas detestamos aqueles índicios d'outras realidades,
espalhadas pelo caminho.
Adoramos idéias de perfeita beleza e função
mas detestamos nossas lamentáveis limitações.
Adoramos a idéia de persuadir outros
mas detestamos sermos vítimas da indução
Adoramos realizar grandes feitos em conjunto
mas detestamos dividir os ganhos.
Adoramos a idéia do direito adquirido
e detestamos a idéia de deveres imprescindíveis.
Adoramos a idéia de democracia, mesmo que seja só mais uma
fachada para manter nosso atemporal regime de hipocrisia.
Adoramos quando um amigo ou parente,
nos consegue aquela providencial vaga
em uma empresa, mas quando algo
do tipo ocorre na política é incompreensível.
Adoramos desculpas para faltar ao trabalho,
greves e feriados emendados,
porém quando é para nós o serviço
a ser prestado é inadmissível o adiamento.
Achamos ótimo quando o policial é compreensivo,
ou ate mesmo corruptível, frente aos nossos irrisórios
delitos cotidianos, mas quando o mesmo
recebe propina de traficantes é obsceno.
Adoramos e aplaudimos a caça aos bandidos, tratados com a
maior violência possível, como no episódio do ônibus 174,
mas quando as vítimas são civis, é injustificável.
Admiramos a beleza, a criatividade e pureza das
crianças mas quando são subnutridas, ignorantes,
desesperadas e armadas, todos detestam saber o porque.
Adoramos pensar que o legal é ter coragem, sacrificar-se
pelo justo, mas somente quando isso não inclui riscos
aparentes à nossa magnífica e sagrada individualidade.
Adoramos reconhecer nossa boçalidade e tendência
ao rídiculo interpretadas em palco,
mas fora do teatro, ego algum permite admitir.
Adoramos saber fofocas dos outros
mas quando é a nossa vida na roda, é condenável.
Adoramos quando temos o privilégio de passar por filas,
mas quando somos os que ficam para trás, é inexplicável.
Adoramos dizer que a culpa é "deles",
mas detestamos saber que é "nossa" responsabilidade.
Adoramos a idéia do faça o que eu digo e não o que faço
mas quando é o outro exercendo esse ponto
de vista ambíguo torna-se logo detestável.
Adoramos a idéia de progresso constante em nome do conforto,
mesmo que os meios justifiquem o ("nosso") fim.
O homem adora ver belas mulheres, em minúsculos trajes,
mas quando é a própria filha, inaceitável!
(talvez quando aceite, é que se torne civilizado)
Adoramos fazer um fézinha, rezar, apelar, suplicar à Deus
mas na teoria: "graças a deus, sou ateu".
Adoramos o céu azul, o sol forte, o trânsito livre,
mas detestamos aqueles índicios d'outras realidades,
espalhadas pelo caminho.
Adoramos idéias de perfeita beleza e função
mas detestamos nossas lamentáveis limitações.
Adoramos a idéia de persuadir outros
mas detestamos sermos vítimas da indução
Adoramos realizar grandes feitos em conjunto
mas detestamos dividir os ganhos.
Adoramos a idéia do direito adquirido
e detestamos a idéia de deveres imprescindíveis.
Adoramos a idéia de democracia, mesmo que seja só mais uma
fachada para manter nosso atemporal regime de hipocrisia.